Em 2022, o Brasil vai entrar finalmente na era do 5G. No fim de 2021, a Anatel realizou a licitação do novo padrão de tecnologia com muito mais velocidade e recursos que promete revolucionar a forma como interagimos e fazemos negócios. A licitação das empresas que poderão operar o 5G ocorrida em novembro nos deu um mapa e cronogramas de quando o mesmo estará, efetivamente, no cotidiano brasileiro, com as primeiras operações, iniciando em meados do ano. O tecnologia não representa apenas um aumento de velocidade; ele vai além.
Se a potência do 4G é de 25 Mbps, a do 5G poderá chegar a até 10 Gbps. Segundo o IDC, o volume de dados criados, capturados, copiados e consumidos ao redor do mundo saltou mais de 400% nos últimos cinco anos (pré-5G), atingindo 79 zettabytes (número 1 seguido de 21 zeros à direita) ao final de 2021. Para que se tenha uma melhor ideia do que isso significa, todas as palavras faladas pelos seres humanos em todos os idiomas ao longo de um ano equivalem a mais ou menos 5 exabytes – um volume equivalente a 0,006% deste total. Portanto, o 5G vem para ajudar também nesse compartilhamento de dados e informações cada vez maior em todo o mundo, que certamente impactará a indústria fortemente.
A pergunta que fica agora é como essa tecnologia vai mudar a indústria e seus processos. Estamos no início de uma nova era da sociedade, a chamada sociedade 5.0, onde a tecnologia está trazendo para a vida real o que só víamos em filmes. Exemplo disso são as cidades inteligentes como a Woven City, que está sendo criada pela Toyota no Japão, como seu presidente Akio Toyoda anunciou na CES (Consumer Eletronics Show) de 2021, onde casas já serão construídas com sensores de Inteligência Artificial para facilitar a vida das pessoas.
Sensores serão adotados em escala cada vez mais massiva e permitirão a adoção de soluções de monitoramento e gestão de dados em tempo real ao longo de todas as cadeias produtivas. Tecnologias para simulação de processos industriais perigosos e que hoje são extremamente custosas, serão substituídas cada vez mais por soluções de realidade virtual como os Digital Twins (gêmeos digitais), que permitirão a tomada de decisões em ambiente digital com custos significativamente menores.
Estamos vendo nascer agora um conjunto de soluções que, daqui dez anos, será tão comum como ver as pessoas atualmente interagindo entre si por chamadas de videoconferência. A hiperconexão é o elo entre tudo isso, que tem no 5G sua plataforma principal e mexe na sociedade como um todo. A aceleração digital ocorrida durante a pandemia potencializou soluções que irão beneficiar a sociedade, como os novos modelos de negócio de setores como financeiro, construção civil e saúde.
A crise de oferta oriunda do período inicial da pandemia e seus lockdowns, que gerou impactos econômicos e inflação em todo o mundo a partir dos gargalos produtivos e efeitos-chicote em diversas cadeias de suprimentos globais integradas, provavelmente seria minimizada se houvesse uma maior integração e sensorização, tanto dos produtores quanto dos modais logísticos, por exemplo. Ainda hoje, processos associados à logística portuária ou mesmo rodoviária, em grande parte do mundo, carecem de acompanhamento em tempo real com informações e painéis de visualização robustos e em nível granular de detalhe. Tudo isto será viável economicamente e promoverá uma nova fronteira de transformação com a chegada dos sensores de Internet das Coisas integradas às redes 5G.
Por fim, com a chegada do 5G, devemos esperar uma potencialização de todas as techs (empresas de tecnologia especializadas em um segmento econômico específico), inclusive as construtechs. Empregando um sistema construtivo paramétrico, que utiliza algoritmos para criar padrões em softwares especializados, as construtoras estão começando a reduzir valores em orçamentos e evitar gastos desnecessários. Acredito que mesmo neste setor, bastante tradicional, o 5G poderá ajudar na implementação de soluções de manufatura mais rápida e em escala. Teremos o advento de inovações como construção de casas em menos de 20 dias, não apenas com a manipulação das plantas por meio desses softwares, mas também na produção do material em impressoras 3D, por exemplo, ou projetos revolucionários construídos colaborativamente e em tempo real por projetistas em todo o mundo.
Esta revolução está somente começando – mas ela será muito maior do que talvez sejamos atualmente capazes de perceber.
Por Fernando Moulin, sócio da Sponsorb.
Fonte e imagem: InforChannel
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