As perguntas que as empresas precisam começar a se fazer são: quando ter os profissionais no escritório e para quê? Analisar os vários modelos de trabalho não visa definir qual é o mais correto ou o mais produtivo, mas refletir sobre as possibilidades de gestão a distância.
A cultura corporativa foi bastante afetada pelo modelo remoto de forma que as tentativas de se realizar rotinas híbridas têm, via de regra, esbarrado em menor produtividade do que se havia estabelecido no pré-pandemia. E isso aponta para ajustes na cultura empresarial com vistas a reestruturar a estratégia de controle e aumentar a transparência nas relações de trabalho usando o melhor da tecnologia e os perfis profissionais mais adequados.
Por outro lado, as companhias precisam estar atentas para a necessidade de captar e reter esses profissionais, em um cenário de grande escassez de mão de obra especializada na área. E isso, sem sombra de dúvida, passa por oferecer aos colaboradores condições de trabalho que vão ao encontro de suas expectativas.
Para dar uma ideia de que expectativas são essas, quero citar um levantamento que fizemos no perfil do LinkedIn da Runtalent a respeito do que não pode faltar em um anúncio de vaga de emprego. Nossa consulta mostrou que a maior preocupação das pessoas é com o modelo de trabalho. Saber se o trabalho é remoto ou local foi a opção de 43% das pessoas, enquanto a remuneração ficou com 38% dos votos. Bem atrás ficaram as habilidades necessárias (15%) e o modelo de contratação (5%). Ou seja, eles estão mais interessados em saber se o trabalho é remoto, híbrido ou presencial do que conhecer, de antemão, o salário daquela posição.
No caso do mercado de TI, que tem observado alta rotatividade de profissionais e uma crescente demanda por mais qualificação e capacidade técnica, mesmo soluções de descompressão ou outras ideias que tornem o ambiente presencial mais atraente para os funcionários não têm tido sucesso em manter o interesse dos profissionais neste modelo. Essa realidade mostra que o home office, adotado em larga escala durante a pandemia, tornou-se predominante tanto como estratégia e necessidade quanto por interesse dos colaboradores.
Isso apresenta às empresas um paradigma que pode ser bastante desconfortável, já que o poder de decisão passa a estar nas mãos dos profissionais. Em face do grande déficit de talentos no setor, os profissionais têm em suas mãos o poder de decisão de não voltar ao presencial e, inclusive, podem até optar por se desligar da empresa quando não há acordo.
As empresas que dependem de serviços de TI, cuja atividade-fim não é a tecnologia, são as que lidam com dificuldades mais complexas de gestão por conta dos diferentes modelos de trabalho, seja internamente, tendo que se posicionar junto aos funcionários sobre a existência de diferentes modelos, seja tendo que lidar com uma cultura diferente da sua atuando dentro de suas fronteiras. A gestão por outsourcing de TI pode ser, neste momento, a atividade-chave para contornar este problema que vem atingindo fortemente o mercado de forma global.
Por Gilberto Reis, diretor de operações da Runtalent.
Fonte e imagem: InforChannel
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