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Foto do escritorCarlos Eduardo Boechat

Intraempreendedorismo e a revolução na inovação

Atualizado: 13 de jul. de 2023

Inovação é uma das palavras do momento, especialmente porque o mundo precisa dela em diferentes setores para continuar os processos de crescimento. Áreas que há anos atuam com processos/produtos estagnados têm rompido paradigmas ao investir em inovações que transformam a realidade das empresas.


Carlos Boechat

Muitos confundem inovação com invenção, como se só fosse possível inovar a partir de um novo produto: o que é uma grande mentira. Esse mito faz com que deixem de praticar a inovação, mas mais preocupante do que isso é a falta de uma atitude transformadora, a qual denomina-se intraempreendedorismo.


Olhando para esses desafios, principalmente o último, compartilho neste artigo insights para auxiliar com essas questões.


Um conceito que precisa ser esclarecido


Primeiro, precisamos ter em mente que é oportunizando que colaboradores pratiquem o empreendedorismo e a inovação dentro da própria empresa que muitas conseguem mudar a rotina produtiva e investir em produtos, serviços e processos que mudam seu ambiente e negócios. O empreendedorismo corporativo, que é este empreender dentro da própria empresa, vem transformando organizações em escalas significativas. Desde a contratação de novos funcionários que tenham o perfil empreendedor até o "apostar as fichas" nesse colaborador vem mexendo com as estruturas mais tradicionais da indústria mundial.


No Brasil, a realidade é colocada em prática pouco a pouco, e quem consegue implementar sai na frente em diferentes aspectos. Várias organizações estão em movimento, procurando pessoas com perfil empreendedor, capazes de aplicar novas ideias e com coragem para transformar a realidade. E se engana quem pensa que os cargos estão apenas nas diretorias. Hoje, quem consegue se colocar como ownership ganha destaque e vira referência, seja na linha de processos, desenvolvimento de produtos ou até mesmo na presidência das corporações.


Webinar: Como Criar Ambientes Inovadores Através do Intraempreendedorismo

Quando o intraempreendedorismo é colocado em prática


A partir do momento em que o empreendedorismo e a inovação são causas verdadeiras da empresa/indústria, os colaboradores são incentivados a serem disruptivos.


Desse modo, pequenas atitudes fazem muita diferença. Sabe o por quê? Quando uma organização acredita no potencial de seus colaboradores, os incentiva e investe recursos em ideias, ela ganha aliados, parceiros e o compromisso com a eficiência dos resultados.


Quando incorporada, a cultura intraempreendedora estabelece novos modelos de negócio e traz as melhores experiências para clientes, indústrias e demais colaboradores. A inovação passa a ser uma consequência natural. O dia a dia se transforma em uma busca contínua pelas melhores alternativas para fazer mais, melhor e com resultados mais eficientes - mesmo que seja em pequenas atitudes e atividades.


A empresa que não investe em inovação, do mesmo modo, tem mais chances de fracassar. Afinal, a organização não acompanha o ritmo de desenvolvimento de outros modelos de negócio, estando sempre um passo atrás das que inovam.


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Mas atenção! A diferença entre apenas inovar e criar uma cultura inovadora, inclusas no intraempreendedorismo, é tão fundamental quanto investir apenas em novas ideias. Quando a cultura toda muda, cria-se um ecossistema forte e que impacta positivamente mais pessoas em termos de energia. É contagiante e, ao mesmo tempo, funciona como uma rede multiplicadora tanto para o cotidiano empresarial quanto para a vida pessoal das pessoas que compõem a rede.


Como desenvolver uma iniciativa intraempreendedora na empresa


Apesar de ser um ideal, a estrutura intraempreendedora demanda muito mais do que apenas vontade de mudar e inovar. Todo o ambiente precisa estar conectado e compreender a importância da atitude para que ela funcione.


O primeiro ponto para implementar o intraempreendedorismo na empresa é fomentar e buscar criar programasvoltados à inovação com seus colaboradores. Isso significa que a organização deve criar espaços de diálogos e de incentivo para que todos da organização saibam que podem empreender ali, compartilhando ideias e apresentando novas propostas sempre que possível.


Depois, esse espaço precisa ser de compartilhamento e de escuta. De nada adianta abrir caminhos de diálogo e não ouvir quem está cheio de ideias. Observar as variáveis e criar espaços para o business da empresa ou do grupo se torna positivo, no sentido de criar uma rotina de busca de soluções. Quando o colaborador é ouvido, ele aposta suas fichas também nos projetos da empresa, porque acredita que ele faz a diferença na estrutura.


Como nem todas as pessoas gostam de empreender e têm o perfil empreendedor, outra forma de desenvolver a iniciativa intraempreendedora passa pelo recrutamento e seleção de pessoal. Uma assessoria ou consultoria são necessárias no processo.


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Permitir o erro é próprio do intraempreendedorismo. Mas não significa ser permissivo a todos os erros e aceitá-los sempre. Na verdade, é compreender que inovar também é tentativa/erro, e quando o erro é corrigido rápido, consegue-se escalar mais longe. A liberdade para testar coisas e novas ideias é muito mais vantajosa do que punir o erro.


Desafios do intraempreendedorismo


Como em todo processo de mudança, existem diversos desafios. Entre eles, o de como começar e a coragem de empreender. As organizações devem estar preparadas para seus colaboradores enfrentarem e quebrarem as barreiras que, muitas vezes, estão neles mesmos. Até mesmo o preconceito de outros colaboradores, que são mais tradicionais e não gostam de romper as estruturas.


O intraempreendedorismo é contagiante. Dessa maneira, quanto mais pessoas participam da atividade, mais tem-se colaboradores envolvidos no processo. Só que, ao investir em liderança, conectamos profissionais disruptivos, que tendem a ser menos rígidos e formais (têm um mindset aberto). Ao colocá-los na organização, afetam as estruturas do ambiente tanto para o bem quanto para os questionamentos acerca de tudo. É uma linha tênue que deve ser muito bem pensada pela própria organização, a fim de que sejam entendidos os limites da liderança e os tipos de ação que serão desenvolvidos.


Outro ponto é como conseguir mensurar os investimentos na estrutura, porque uma coisa é empreender por conta própria e outra bem diferente é empreender dentro de uma multinacional. Por isso, é fundamental lutar contra o status quo da instituição, destruindo paradigmas e rompendo barreiras de áreas historicamente engessadas.


Por fim, a dificuldade em contratar profissionais que tenham o brilho no olho para o intraempreendedorismo - e que desejam entrar nesse novo modelo de trabalho. Uma equipe com perfil heterogêneo não é fácil, no entanto, é possível pensar diferente e encontrar empreendedores espalhados em diferentes áreas, prontos para novos desafios.


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Case de sucesso em uma gigante multinacional


Já pensou ter suas ideias colocadas em prática na corporação, com aval da diretoria? Agora transforme isso em realidade. A Accenture Brasil conta com diversas ações de intraempreendedorismo em sua estrutura, como inovação aberta, startups, teses e ideias do mercado que qualquer colaborador pode tentar colocar em prática.


Há 4 anos iniciava a minha jornada na Accenture numa área chamada Industry X em que haviam aproximadamente 150 pessoas. Logo no início houve aquela busca de espaço para ver onde mais eu poderia agregar para o time e para a organização. Observei que haviam mercados, segmentos e clientes ainda atendidos e que precisavam ser “desbravados”. No começo não havia equipe e nem investimento dedicado a isso. Precisava de criatividade, coragem e determinação para fazer as coisas acontecerem.


Fui muito recebido pelo time da Accenture como um todo e provavelmente isso também tenha facilitado nessa rápida integração e resultados. Em menos de 4 anos já passamos a ter novos mercados e segmentos com dezenas de novos clientes atendidos e com centenas de pessoas no time. Colocamos na estratégia e concretizamos novas aquisições, como a Pollux em 2021. Criamos novas ofertas, capabilites, abordagens e programas para auxiliarem as indústrias na transformação das manufaturas, operações e engenharias. Atualmente já somos, em Industry X, uma equipe com aproximadamente 1.000 pessoas.


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Pouco a pouco, as ideias vão se transformando em práticas. São melhorias nos processos, produtos, atrativos para clientes e muito mais. O que eram apenas ideias agora fazem parte do rol de inovações. E as iniciativas não terminam aí. Além de fomentar esse ownership, a empresa também tem uma área de fomento ao empreendedorismo e desenvolvimento de mindsets, chamada de Ventures.


É um espaço intraempreendedor que faz com que as teses sejam discutidas e sirvam de exemplo para atrair ainda mais intraempreendedores na empresa.

Portanto, se o seu objetivo é o crescimento do seu negócio, quanto antes investir em uma cultura organizacional inovadora e com espírito empreendedor, mais cedo verá os resultados positivos e menor será seu esforço para manter-se no mercado.


Carlos Boechat

Carlos Eduardo Boechat

Diretor Associado de Industry X na Accenture | Diretor Executivo | Empreendedor | Conselheiro | Consultoria | Estratégia | Tecnologia | Inovação | Transformação Digital | Indústria 4.0 | Mentoria | Palestrante | Mestrado Publicado • 1 a

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