Nos dias atuais, o ambiente de trabalho está se tornando cada vez mais digital, impulsionado pelo uso crescente de diversas ferramentas e estratégias inovadoras.
Compreender e investir na maturidade digital tornou-se essencial para a competitividade das empresas, permitindo que elas acompanhem as novas tendências do mercado. Contudo, é importante ressaltar que a maturidade digital não se resume apenas à presença na internet. Caso fosse assim, a maioria das organizações em todo o mundo seria considerada digitalmente madura, o que não é a realidade.
Um estudo realizado em 2020 pela consultoria internacional Bip constatou que, em uma escala de 1 a 5, a média de maturidade digital alcançada pelas grandes empresas foi de 2,7, indicando um nível intermediário de desenvolvimento nessa área.
Dessa forma, é evidente que as empresas precisam continuar avançando em suas jornadas digitais, buscando aprimorar suas capacidades e estratégias para alcançar um maior nível de maturidade. A evolução nesse sentido permitirá que as empresas se mantenham competitivas e em sintonia com as demandas do mercado em constante evolução.
Afinal o que é maturidade digital?
A maturidade digital reflete o quanto as empresas conseguem se adequar às novas tecnologias, estratégias e formas de trabalho que têm emergido na era digital.
Ou seja, uma empresa digitalmente madura é aquela que adota ferramentas digitais, além de conhecer e aplicar estratégias digitais em todos seus processos.
Ah então é só eu aderir a algumas ferramentas e fazer uma estratégia de marketing digital que serei maduro digitalmente?
Na verdade, não. Atingir a maturidade digital é um caminho longo e muitas vezes vem como fruto de diversas ações da empresa.
O que você precisa ter em mente é que esse conceito sempre considera como sua empresa reage às novidades do mercado, se ela sempre busca inovar, se está atenta às tendências, se os seus processos são automatizados etc.
E a maturidade digital das empresas brasileiras?
O artigo “Transformações digitais no Brasil: insights sobre o nível de maturidade digital das empresas no país” pode ser considerado um ranking por setor nesse quesito.
Nele, a McKinsey traça um panorama abrangente do cenário empresarial brasileiro, apontando para os setores mais amadurecidos digitalmente.
Para isso, ela estipulou o Analytics & Digital Quotient (A&DQ), critério que avalia 22 práticas de gestão críticas para o sucesso da transformação digital, com notas de 0 a 100.
Veja as notas por setor:
Financeiro: 46 pontos
Varejo: 45 pontos
Telecom e tecnologia: 43 pontos
Bens de consumo: 37 pontos
Transporte e infraestrutura: 35 pontos
Com as médias obtidas, considera-se pelo ranking que, de 37 pontos para baixo, estão as empresas defasadas tecnologicamente. Logo, apenas os setores financeiro, varejo e telecom estão amadurecidos da parte digital, segundo os critérios da pesquisa.
Maturidade digital das Indústrias de Base no Brasil
De forma geral, as Indústrias de Base estão 6 pontos abaixo da média Brasil, obtendo porém melhor resultado entre as líderes do setor (68 pontos vs. 66 da média dos líderes no país). As empresas líderes se destacaram de seus pares por apresentarem uma estratégia de longo prazo arrojada e centralizada no cliente. Como oportunidade de desenvolvimento, o foco em Dados e Analytics é fundamental.
Na amostra geral, as empresas de Energia estão ligeiramente acima da média nacional e à frente de empresas de Materiais Básicos, Químicos e Agricultura por apresentarem uma maior consciência da mudança estratégica, maior adoção de marketing digital e de modelos analíticos e melhores habilidades de atração de talentos digitais.
As empresas de Energia demonstram pontuação semelhante à média nacional em capacidades de estruturação de dados, mas apresentam desafios importantes para definir e implementar uma estrutura eficiente. Na dimensão de Cultura, ficam aquém em nível de maturidade nas práticas de apetite por risco e colaboração interna.
As empresas líderes dos subsetores de Químicos e de Agricultura destacam-se na dimensão de estratégia. Já a amostra geral das empresas destes subsetores tem oportunidade de melhoria nas capacidades de experiência do cliente.
Uma empresa destacada do setor Químico demonstrou alto nível de maturidade na prática de roadmap – uma prática complexa para a grande maioria das empresas –sendo capaz de estruturar projetos de digital formalizando-os em todos os níveis da organização e garantindo seu acompanhamento em um “Digital Cockpit”. Outra iniciativa relevante desta mesma empresa foi a criação de um fundo de venture capital para investir em empresas de alto potencial, relacionadas ou não ao seu negócio principal.
Assista abaixo o Webinar: A jornada rumo à maturidade 4.0: um estudo de caso brasileiro
Como calcular a maturidade digital de uma empresa?
Não existe uma fórmula única para calcular a maturidade digital, na verdade, são diversas as metodologias criadas com esta finalidade.
Abaixo, por exemplo, há três tipos de formas para calcular a maturidade digital. Vamos a elas:
Boston Consulting Group (BCG) e Google
O Boston Consulting Group em seu estudo “A Jornada Rumo à Maturidade Digital no Brasil” baseou o seu índice em perguntas sobre Data-driven Marketing (DDM):
Qual o valor gerado quando empresas aprimoram suas capacitações em Data-driven Marketing?
Quais são as melhores práticas em Data-driven Marketing?
Quais são as lacunas e oportunidades para atingir o próximo nível de maturidade digital?
Qual o melhor caminho de evolução? Que áreas e atividades devem ser priorizadas?
Segundo esse estudo, 61% das empresas brasileiras analisadas estão nos estágios iniciais de maturidade digital.
McKinsey
A empresa de consultoria McKinsey utilizou sua ferramenta chamada Analytics & Digital Quotient (A&DQ) para separar 22 práticas de gestão em quatro dimensões de maturidade digital:
Estratégia: consciência de mudança, aspiração ambiciosa e de longo prazo, vínculo com a estratégia de negócio, centralidade do cliente, oportunidade de crescimento e roadmap específico;
Capacidades: marketing e vendas digitais, jornada do cliente, dados e analytics, modelos e plataforma tecnológica e foco na geração de valor;
Organização: estrutura, colaboração entre negócio e tecnologia, talentos, proficiência em analytics e digital e governança e métricas;
Cultura: agilidade, teste e aprendizado, experimentação, colaboração interna, orientação externa e mentalidade baseada em dados.
Bip Brasil
Por fim, a consultoria Bip utilizou três critérios para avaliar a maturidade digital das empresas:
Cultura de inovação;
Uso de dados para tomada de decisões;
Experiência do usuário.
Quais são os estágios de maturidade digital?
Essa resposta também vai depender da metodologia e critérios utilizados para avaliar a maturidade digital da empresa.
No caso do Boston Consulting Group, você pode separar esse índice em quatro estágios:
Nascente – empresas que utilizam dados de terceiros para realizar suas ações de marketing e fazem a compra direta de mídia com baixa ligação a resultados de vendas;
Emergente – campanhas baseadas em dados próprios e compra de mídia programática com otimização e teste de forma independente por canal de mídia;
Conectado – dados integrados nos múltiplos canais de mídia com a mensuração do impacto de investimento de cada uma das ações no retorno financeiro alcançado;
Multimomento – empresas que aplicam o conceito de consumidor omnichannel, executando ações de forma dinâmica e otimizada.
Já a International Data Corporation (IDC) considera que toda empresa pode ser posicionada em uma escala que vai de 1 a 5:
Nível 1 – mais avessa à tecnologia, que ainda resiste à mudança e adota poucos ou nenhum processo digitalizado;
Nível 2 – engloba a organização que já começa a experimentar as tecnologias digitais, pois sua liderança percebeu a iminência da transformação digital;
Nível 3 – conta com muitos processos digitais, incluindo a total digitalização de documentos, com um grande alinhamento organizacional em relação às novas tecnologias;
Nível 4 – empresa verdadeiramente digital, com um modelo de negócio baseado por completo em uma nova tecnologia e em uma estratégia avançada nesse aspecto;
Nível 5 – lidera seu setor tanto no resultado quanto na inovação, como nos casos da Google, Amazon e Uber.
Por fim, no caso da McKinsey, sua empresa pode estar entre quatro estágios de desempenho:
Líderes digitais com pontuação acima de 51;
Ascendentes com pontuação acima de 35;
Emergentes com pontuação acima de 25;
Iniciantes com pontuação abaixo de 25.
Como melhorar a maturidade digital em uma empresa?
Se você chegou até aqui já entendeu o que é esse conceito, sua importância, como calculá-lo e até mesmo seus estágios, então, para fechar, nada melhor do que algumas dicas de como você pode melhorar seu próprio índice.
Logo abaixo estão oito orientações práticas que você pode seguir, confira:
1. Explorar os canais digitais de aquisição
Explorar os canais digitais de aquisição, seja ele orgânico ou pago é crucial para sua maturidade digital.
Estou falando sobre identificar e utilizar os canais de marketing online mais relevantes para o público-alvo da sua empresa, como redes sociais, mecanismos de busca, e-mail marketing, mídia paga e marketing de conteúdo.
Quando você investe nesses canais para aplicar suas estratégias, sua empresa pode aumentar sua visibilidade, atrair mais tráfego qualificado e gerar leads.
2. Utilizar e integrar ferramentas digitais no processo
Outra forma de aumentar sua maturidade digital é investir na integração de ferramentas digitais no processo de negócio da empresa.
Isso inclui o uso de CRMs de vendas, plataformas de automação de vendas e marketing, sistemas de gestão, entre outras soluções digitais relevantes para as operações da empresa.
Ao implementar essas ferramentas, você melhora a eficiência, a produtividade e a colaboração interna, além de oferecer uma experiência mais fluida para os clientes.
3. Integrar estratégias de marketing e vendas
Tratar marketing e vendas como estratégias distintas pode ser um tiro no pé, até porque elas são complementares.
Essa integração envolve alinhar os esforços de marketing e vendas, compartilhar informações e trabalhar em conjunto para impulsionar o crescimento do negócio.
Quando você combina o conhecimento das equipes de marketing e vendas, é possível desenvolver campanhas mais eficazes, identificar oportunidades de vendas e otimizar a jornada do cliente, o que consequentemente irá gerar um aumento nas taxas de conversão e no crescimento das receitas.
Uma das principais tendências em vendas B2B é o chamado Vendarketing.
Vendarketing é a junção de dois termos: Vendas e Marketing. Essa estratégia tem como objetivo manter o alinhamento entre os times de Marketing e Vendas, para que ambos consigam extrair o máximo de suas atividades, aumentando o potencial de geração de receita de um negócio.
4. Utilizar dados para tomada de decisão
Lá no tópico sobre a consultoria McKinsey não sei se você percebeu, mas eles citam dados e analytics várias vezes, isso porque utilizar dados para tomar suas decisões é fundamental se você quer um bom índice de maturidade digital.
Ao coletar, analisar e interpretar dados relevantes, sua empresa obtém insights valiosos sobre o comportamento do cliente, tendências de mercado e o desempenho das suas iniciativas digitais.
Com esses dados em mãos, você pode tomar decisões mais embasadas, identificar áreas de melhoria e ainda ajustar as estratégias de forma mais eficiente.
5. Criar uma experiência personalizada para o cliente em múltiplos canais
Para ter uma empresa com alta maturidade digital, você precisa se esforçar para criar uma experiência personalizada para o cliente em múltiplos canais.
Essa ação envolve o desenvolvimento de estratégias omnichannel, em que a empresa busca proporcionar uma experiência consistente e integrada em diferentes canais de contato com o cliente, como website, mobile, redes sociais e lojas físicas (se for o caso).
Quanto ao oferecer uma experiência personalizada, você precisará adaptar suas páginas e campanhas seguindo as preferências e necessidades individuais de cada cliente.
6. Fazer benchmarking
O benchmarking envolve analisar e comparar as melhores práticas de outras empresas do mesmo setor ou de setores similares que já possuem um alto nível de maturidade digital.
Ao estudar e aprender com essas referências, sua empresa identifica as oportunidades de melhoria, investe em estratégias eficazes e ainda evita erros comuns.
O benchmarking permite que a empresa se mantenha atualizada com as tendências e os avanços digitais, buscando constantemente melhorar seus processos e resultados.
7. Acompanhar tendências
Se você não acompanhar as tendências e evoluções do mercado, como saberá se sua estratégia está atualizada ou não?
Pois é, essa prática é fundamental.
Temos sempre que lembrar que o mundo digital está em constante mudança e novas tecnologias surgem com frequência, assim como o comportamento do consumidor está sempre em evolução.
Por isso, é essencial estar atento a essas mudanças e adaptar-se a elas de forma ágil, buscando sempre inovar e experimentar novas abordagens.
Ao acompanhar as tendências, a empresa permanece competitiva, oferece soluções relevantes e se destaca no ambiente digital.
8. Participar de eventos
Participar de eventos relacionados ao setor digital, como conferências, feiras, webinars e workshops, é ótimo para ficar por dentro de novos conhecimentos e insights sobre as últimas tendências, estratégias e melhores práticas digitais.
Dessa forma sua empresa pode se atualizar, aprender com os especialistas, trocar experiências com outros profissionais do setor e também estabelecer conexões valiosas.
Essa participação ajuda a empresa a se manter na vanguarda das práticas digitais, gerar novas ideias e impulsionar seu crescimento no ambiente digital.
Por: Rodrigo Portes
Diretor de Vendas | Diretor Comercial | Gerente Nacional de Vendas | Gerente de Vendas Sênior | Mentor | Palestrante | Autor | Transformação Digital | Indústria 4.0
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Fonte: Linkedin Rodrigo Portes - BR4.0
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