Tempo e Estratégia: A Dicotomia entre Paciência e Execução no Mundo Corporativo
- Rodrigo Portes
- 16 de jan. de 2024
- 3 min de leitura
Anos atrás, a CEO de uma gigante global de tecnologia alertou seus colaboradores, espalhados pelo mundo, sobre a necessidade de a empresa "pensar e agir mais rápido". Ela destacava os desafios na transição, à época, para a computação em nuvem e a inércia perante concorrentes mais ágeis.

Em uma era onde a tecnologia potencializa a geração de informações, agilidade é vista como uma vantagem competitiva. No entanto, a máxima "quanto mais rápido, melhor" pode ser enganosa. Decisões apressadas, baseadas em intuições e informações limitadas, nem sempre são as melhores.
Decisões apressadas, baseadas em intuições e informações limitadas, nem sempre são as melhores.
James Womack, em “Caminhadas pelo Gemba”, contrasta a gestão moderna, que enfatiza rapidez, com a gestão lean, que valoriza uma abordagem mais ponderada. Na gestão moderna, as soluções rápidas frequentemente falham em abordar a raiz dos problemas, resultando em retrabalho e custos adicionais.
Por outro lado, a gestão lean propõe um entendimento mais profundo dos problemas, através do diálogo e análise. Isso leva a decisões mais efetivas, apesar de um processo aparentemente mais lento.
Os desafios do equilíbrio entre o Rápido e o Devagar
Da mesma forma, Daniel Kahneman, em “Rápido e Devagar - Duas Formas de Pensar”, destaca dois sistemas mentais: o rápido e intuitivo Sistema 1 e o deliberado e lógico Sistema 2. Kahneman adverte sobre os perigos do pensamento rápido, que, embora eficiente, pode ser falho e impulsivo. Em contrapartida, o pensamento lento permite uma avaliação mais cuidadosa, levando a decisões mais informadas.

Equilibrando a reflexão estratégica com ações decisivas, as empresas podem não apenas sobreviver, mas também prosperar, enfrentando os desafios de um mercado global e competitivo. Contudo, apesar da evidente importância desse equilíbrio, encontrar e mantê-lo apresenta desafios constantes para as organizações na atualidade:
Rapidamente, mas Não Demasiado: A pressão para agir imediatamente é intensa, especialmente quando as oportunidades parecem fugazes. Decidir quando avançar e quando esperar tornou-se um dilema central na gestão moderna.
Paciência versus Complacência: Aguardar o momento certo é uma arte, mas como discernir paciência estratégica de inércia empresarial?
Analisar e Executar: Em um mundo repleto de dados e análises, quando é o suficiente? Quando tomar uma decisão e quando esperar por mais informações?
A dança entre paciência e execução é uma que todas as empresas devem aprender a executar. Em um mundo em constante evolução, não se trata apenas de velocidade, mas também de direção.
Dicas para Equilibrar Paciência e Execução:
Dominar a dança entre a paciência e a execução é uma arte que pode ser aperfeiçoada com práticas estratégicas.
Vamos explorar algumas delas abaixo:
Estabeleça Metas Claras: Saber onde você quer chegar é meio caminho andado. Defina metas claras e tangíveis para sua empresa. Isso não só proporciona um senso de direção, mas também ajuda a decidir quando é hora de ser paciente e esperar ou quando é necessário agir rapidamente. Pergunte-se: "Essa ação nos aproxima da nossa meta?"
Revisão Contínua: O mundo dos negócios é dinâmico. As empresas que têm o hábito de revisar suas estratégias e táticas com regularidade são aquelas que se mantêm resilientes e adaptáveis. Estabeleça momentos específicos - mensais ou trimestrais - para avaliar seu progresso em relação às metas e fazer os ajustes necessários.
Cultive a Cultura da Aprendizagem: No mundo corporativo, a estagnação é o inimigo. Estimule sua equipe a ver cada desafio, cada falha, como uma oportunidade de aprendizado. Invista em treinamentos e capacitação. Uma equipe que aprende constantemente está melhor preparada para navegar pelas incertezas e inovações do mercado.
Seja Proativo, Não Reativo: Em vez de esperar por uma crise ou um desafio surgir para então reagir, antecipe-se. Mantenha-se informado sobre as tendências do mercado, escute o feedback dos clientes e esteja sempre um passo à frente. Isso não só minimiza surpresas indesejadas como também oferece uma vantagem competitiva, pois sua empresa estará pronta para aproveitar oportunidades assim que elas surgirem.
Conclusão
Retornando à empresa citada no início deste artigo, o conselho para a CEO seria considerar o valor do pensamento "lento" ou analítico.
Ao invés de somente acelerar processos, é crucial entender a situação profundamente, analisar dados e buscar consenso antes de tomar decisões. Em outras palavras, às vezes, é preciso desacelerar para, no final, avançar de maneira mais eficaz.
Em um mundo empresarial em constante mudança, a verdadeira arte reside em saber quando agir e quando esperar - e ter os parceiros certos pode fazer toda a diferença.

Por: Rodrigo Portes
Diretor de Vendas | Diretor Comercial | Gerente Nacional de Vendas | Gerente de Vendas Sênior | Mentor | Palestrante | Autor | Transformação Digital | Indústria 4.0
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Fonte: Linkedin Rodrigo Portes - BR4.0
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